A tosse é um dos sintomas mais comuns nos consultórios pneumológicos. Muitas vezes a causa da tosse é de origem pulmonar, porém, existem outras causas que estão associadas a doenças cardiovasculares, gastrointestinais e ao uso de medicamentos.
Ela pode ter início agudo (menos de 3 semanas), subagudo (entre 3 e 8 semanas) ou crônico (mais de 2 meses). Pode ser seca ou com secreção (hialina, amarelada, esverdeada, com sangue, escura) e pode ter expectoração (saída da secreção após a tosse) ou sem expectoração.
Vamos descobrir agora quais as 10 principais causas de tosse nos adultos:
- Infecções Respiratórias: Infecções virais como resfriados, gripes, bronquiolite e infecções bacterianas como pneumonia são causas comuns de tosse aguda. Nestes casos, o início da tosse é agudo ou subagudo (entre 3 e 8 semanas) e necessita uma avaliação médica especializada para início do tratamento adequado o mais breve possível para evitar complicações mais graves.
Ainda dentro do espectro de infecções respiratórias comuns, temos a tuberculose, que, apesar de ser uma doença antiga, segue muito prevalente em nosso meio. É uma doença infecciosa e transmissível, causada por uma bactéria (Mycobacterium tuberculosis), sendo caracterizada por tosse persistente por mais de três meses, febre vespertina, sudorese noturna e perda de peso. A tuberculose tem cura e quanto antes for diagnosticada e o tratamento correto iniciado, menor o risco de complicações a longo prazo.
- Asma: A asma é uma inflamação crônica na via aérea, caracterizada como um “aperto” nos pulmões que pode dificultar a respiração. Ela causa intenso estreitamento das vias aéreas, deixando o ar mais difícil de passar e provocando sintomas como falta de ar, chiado no peito, tosse e aperto no peito.
Deve ser realizada consulta com especialista e exames complementares para definir diagnóstico e iniciar o tratamento adequado desta doença. Após o ajuste de tratamento correto, a tendencia é a resolução completa da tosse e dos outros sintomas associados a doença.
- Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE): A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é comum, ocorre em 10 a 20% dos adultos e também ocorre com frequência em bebês, às vezes a partir do nascimento. O esôfago é um tubo oco que conecta a garganta (faringe) ao estômago. O esfíncter esofágico inferior é o anel de músculos que mantém a parte inferior do esôfago fechada para evitar o refluxo de alimentos e ácido gástrico para dentro do esôfago. Quando a pessoa engole, esse esfíncter geralmente relaxa para permitir que os alimentos passem para dentro do estômago. O refluxo do ácido e da bile para dentro do esôfago ocorre quando o esfíncter esofágico inferior não está funcionando adequadamente.
A azia (uma sensação de queimação atrás do esterno) é o sintoma mais evidente de refluxo gastroesofágico. Ela pode ser acompanhada de regurgitação, na qual o conteúdo gástrico chega até a boca. Se o conteúdo do estômago alcançar a boca, pode causar dor de garganta, rouquidão, tosse ou uma sensação de nó na garganta (sensação de bolo na garganta). Em raras ocasiões, o conteúdo do estômago atinge os pulmões, causando tosse e/ou sibilos (chiado). Algumas vezes, pessoas que têm azia de longa data desenvolvem dificuldade em engolir.
Pacientes com DRGE devem realizar acompanhamento com gastroenterologista, para avaliação da presença de uma bactéria que coloniza o estômago humano (Helicobacter pylori), a qual necessita de tratamento medicamentoso associado a mudanças no estilo de vida, como reduzir o consumo de café ou produtos cafeinados, realizar refeições mais leves, evitar alimentos gordurosos e frituras, evitar condimentos e hidratação, por exemplo.
- Tabagismo: O tabagismo, tanto ativo quanto passivo, é uma causa comum de tosse em adultos, pois os componentes do cigarro (convencional, cigarro eletrônico, cigarro de palha ou narguile) são irritantes para a mucosa da via respiratória. Tal irritação provoca uma resposta do corpo na tentativa de eliminar o edema e a secreção que se forma devido a inflamação, levando a tosse seca ou produtiva. A tosse pode ser seca ou com secreção (hialina ou amarelada), com piora pela manhã. A cessação do tabagismo ou redução a exposição passiva do mesmo leva a uma melhora importante do sintoma.
- Medicamentos: Alguns medicamentos muito utilizados no tratamento de hipertensão arterial sistêmica, enxaqueca e glaucoma são uma das causas de tosse. Geralmente o sintoma se inicia logo após o uso do mesmo e tende a cessar após a suspensão do medicamento.
- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): Seguindo a lógica da tosse causada pelo tabagismo, quando o paciente desenvolve a DPOC, doença secundária à exposição ao tabagismo, à poluição, à fumaça de fábricas ou fogão a lenha, a mucosa da via respiratória apresenta uma inflamação crônica, com destruição de áreas pulmonares.
Devido a inflamação, o corpo tenta, como mecanismo de defesa, eliminar o edema e a secreção, causando tosse. Neste caso a tosse tende a ser pior pela manhã, podendo ser seca ou produtiva. Em casos de exacerbação da doença, a tosse pode apresentar piora no seu padrão, alterando em intensidade e em volume de secreção.
A cessação da exposição pode melhorar significativamente a tosse, porém, muitas vezes os medicamentos inalatórios se fazem necessários para controle dos sintomas. Por isso, o pneumologista deve ser procurado para avaliação de cada caso e definição de melhor tratamento.
- Pneumotórax: O pneumotórax é o colapso parcial ou total do pulmão devido à presença de ar entre as duas camadas da pleura (membrana fina, transparente, de duas camadas que reveste os pulmões e o interior da parede torácica).
O pneumotórax pode ser espontâneo primário, o qual ocorre sem nenhuma causa aparente em pessoas sem doença pulmonar conhecida. Geralmente é decorrente da ruptura de uma bolha pulmonar prévia. Ocorre com maior frequência em homens altos com menos de 40 anos e com história prévia de tabagismo. Normalmente não causa grandes complicações, embora seja recorrente em até 50% dos casos. O segundo tipo de pneumotórax espontâneo é o pneumotórax secundário, que ocorre em pacientes com doenças pulmonares prévias como DPOC, fibrose cística, histiocitose pulmonar de células de Langerhans, abscesso pulmonar, tuberculose e sarcoidose.
Outro tipo de pneumotórax é o secundário a procedimentos médicos que invadam o espaço pleural (pneumotórax traumático), que pode ocorrer após uma toracocentese, uma broncoscopia ou uma toracoscopia, por exemplo, ou pneumotórax causado após o uso de ventiladores mecânicos, devido ao aumento de pressão intrapulmonar.
Alguns casos mais raros de alteração na pressão pulmonar, como o que ocorre com pilotos de avião e mergulhadores, aumentam o risco de pneumotórax.
Os sintomas são súbitos e incluem dificuldade respiratória, tosse e dor torácica que pode se estender para ombros, pescoço e abdome.
O diagnóstico geralmente é realizado pelo exame físico, porém uma radiografia de tórax pode se fazer necessária em casos específicos. O tratamento varia de acordo com a causa, os sintomas e o tamanho do pneumotórax, podendo ser expectante ou com indicação de retirada do ar. Por isso, ao apresentar os sintomas, o médico deverá ser procurado para avaliação e definição de conduta com brevidade.
- Fibrose Pulmonar: A fibrose pulmonar é uma doença grave, que pode ter origem genética, ser secundária à exposição à poeira orgânica (madeira, fumo, aviários, ratos, farinha, milho, pena de aves…) ou ter origem desconhecida. Ela cursa com a destruição pulmonar, levando a falta de ar, perda de peso, dor torácica e tosse. Os sintomas dependem do grau de lesão pulmonar, da presença de complicações associadas e da velocidade de instauração e progressão da doença.
A medida que a doença vai avançando, o nível de oxigênio no sangue diminui, as extremidades dos dedos ficam mais espessas e a pele pode apresentar um tom mais azulado (cianose), principalmente a boca e os dedos.
O diagnóstico é realizado por meio de exames de imagem e biópsia pulmonar. O tratamento depende da causa e da gravidade da doença, podendo envolver tratamento medicamentoso, reabilitação pulmonar e, por vezes, transplante pulmonar.
- Câncer de Pulmão: O câncer de pulmão é o terceiro mais comum em homens e o quarto em mulheres no Brasil – sem contar o câncer de pele não melanoma, sendo a principal causa de morte tanto em homens quanto mulheres.
O câncer de pulmão pode ser primário, ou seja, que se origina das células pulmonares, ou metastático, no qual se propaga para o pulmão a partir de outras partes do corpo (mamas, cólon, próstata, estômago…)
O tabagismo é a principal causa de câncer de pulmão, sendo responsável por 85% dos casos, porém, em cerca de 15 a 20% dos casos os pacientes nunca fumaram ou fumaram muito pouco. Nesses casos, fatores genéticos, exposições a poluição, amianto, fogão a lenha ou radiação podem ser os responsáveis pelo desenvolvimento da neoplasia.
Geralmente os sintomas do câncer de pulmão aparecem apenas quando a doença já está em estágios mais avançados, sendo os principais sintomas apresentados a tosse, escarro com sangue, pneumonias de repetição, dor torácica, alteração da fala e falta de ar. Tais sintomas dependem do tamanho, da localização e da presença de metástases.
O diagnóstico é realizado por meio de exames de imagem e biópsia pulmonar e o tratamento depende do estágio da doença e da saúde geral do paciente.
- Tromboembolismo Pulmonar: A embolia pulmonar, ou tromboembolismo pulmonar (TEP), é uma condição potencialmente grave que ocorre pela migração de um êmbolo, gás, coágulo de sangue ou gordura para o pulmão. Geralmente este coágulo é formado em alguma veia do corpo, sobretudo nos membros inferiores, se desprende e segue pela circulação venosa até os pulmões, onde obstrui a passagem do sangue por uma artéria. A repercussão dessa oclusão depende do tamanho do trombo, da área afetada e da existência de circulação local que possa suprir esta deficiência.
Os principais fatores de risco que levam e embolia pulmonar são: idade avançada (acima de 60 anos), distúrbios de coagulação, câncer, insuficiência cardíaca, pós operatório de cirurgias que levem a redução da mobilidade, infecções, fraturas de pelve/perna/quadril, obesidade, gravidez ou período pós parto, embolia prévia, tabagismo, acidente vascular cerebral prévio, uso de anticoncepcionais ou testosterona.
As manifestações clínicas incluem falta de ar e dificuldade para respirar com início súbito, desmaios, dor no peito, tosse seca ou com sangue, sensação de ansiedade, febre baixa, alteração da pressão e palpitações.
O diagnóstico é realizado com a angiotomografia computadorizada de tórax, ultrassonografia das pernas, cintilografia por perfusão pulmonar ou uma combinação de exames de imagem e de sangue.
O tratamento pode ser realizado com medicamentos, colocação de filtros de veia cava, terapia trombolítica (destruição dos coágulos) ou remoção dos coágulos. Devido a gravidade do quadro, um médico deverá ser consultado no início dos sintomas para início de tratamento o mais rapidamente possível.
Este texto visa proporcionar uma visão abrangente acerca da tosse, ajudando os pacientes a entender melhor a condição e as possíveis causas deste sintoma tão prevalente.
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