Dra. Joana Lunardi

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    Dra. Joana Lunardi

    Pneumologista

Apesar de muito comum, ocorrendo em cerca de 57% dos homens e 40% das mulheres, e geralmente não corresponderem a condições patológicas, os roncos noturnos podem ser um sinal de alerta para doenças respiratórias graves, entre elas, a Apneia Obstrutiva do Sono.

O som varia de quase inaudível a um ruído extremamente incômodo que pode ser alto o suficiente para se ouvido em outro ambiente, podendo gerar consequências sociais significativas. Pode causar conflitos entre parceiros de cama ou colegas de quarto.

Roncos noturnos

Por que roncamos?

Ao dormirmos a musculatura do pescoço relaxa, levando a redução do diâmetro de passagem de ar na garganta e consequentemente a um turbilhonamento de ar e provocando o som característico do ronco. Diversos fatores podem levar ao ronco, entre eles: 

Quando o ronco é um problema?

O ronco primário é aquele que não é acompanhado por despertares ou despertares excessivos, limitação do fluxo aéreo, dessaturação de oxigênio ou arritmias durante o sono e que ocorre em pessoas que não têm sonolência diurna excessiva. Não corresponde a uma condição grave e geralmente apresenta melhora após perda ponderal e mudanças no estilo de vida.

Em alguns casos, o ronco pode representar a obstrução parcial ou completa da passagem de ar na via respiratória, levando ao que chamamos de Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). Esta condição está associada a sintomas como: sonolência diurna, despertares noturnos, alteração da memória, impotência sexual, sono não reparador, boca seca ou dor de garganta ao acordar, cansaço, cefaleia matinal, irritabilidade, dificuldade de concentração e redução dos reflexos. 

A gravidade do quadro está associada a dessaturação (redução da oxigenação) que ocorre durante essas obstruções da passagem de ar. Além disso, a apneia do sono está diretamente relacionada à doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e acidente vascular cerebral (AVC). 

Como saber se tenho Apneia Obstrutiva do Sono?

A avaliação do ronco sempre deve ser realizada por um médico especialista, que irá realizar alguns testes para avaliar a presença de sonolência diurna e outras causas que justifiquem o ronco, além da polissonografia quando indicada. Este exame é indolor, é realizado com o paciente dormindo e visa avaliar a quantidade de apneias que ocorrem por hora de sono, assim como o grau de oxigenação durante estas apneias. 

Pacientes com apneia obstrutiva do sono têm 5 ou mais episódios de apneia ou hipopneia (com cada episódio durando pelo menos 10 segundos) por hora durante o sono mais pelo menos 1 dos seguintes:

Pode-se graduar a apneia obstrutiva do sono pela gravidade: leve (5 a 15 episódios de apneia por hora), moderada (16 a 30 episódios por hora) e grave (mais de 30 episódios por hora).

Existem alguns testes para avaliar o risco de desenvolvimento de apneia obstrutiva do sono, como por exemplo o questionário Stop-Bang:

ARTIGO ORIGINAL • J. bras. pneumol. 42 (04) • Jul-Aug 2016 – https://doi.org/10.1590/S1806-37562015000000243

Existem também questionários que quantificam o grau de sonolência diurna, visando avaliar níveis patológicos da mesma, como o questionário de Epworth, onde somando-se de 1 a 6 pontos é considerado sonolência dentro da normalidade, 7 a 8 pontos uma sonolência elevada e acima de 9 pontos uma sonolência possivelmente patológica, necessitando avaliação de médico especialista.

Artigos Originais • J. bras. pneumol. 35 (9) • Set 2009 – https://doi.org/10.5935/1808-8694.2014S001

Tem tratamento?

Sim, o tratamento é direcionado para controle de fatores de risco, como por exemplo: perda de peso, tratamento de desvio de septo ou pólipos nasais, uso de aparelhos intraorais para correção de alterações ortodônticas, estimulação das vias aéreas superiores ou aparelhos de pressão positiva (CPAP). 

As mudanças no estilo de vida, como a cessação do tabagismo, redução do consumo de álcool ou medicamentos que alterem o sistema nervoso central e a realização de atividades físicas regulares também fazem parte do tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono. 

Este texto visa esclarecer algumas dúvidas e fornecer informações gerais acerca do tabagismo aos pacientes. Em caso de dúvidas, entre em contato conosco.

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